Dra. Anelise Coelho Nunes é uma das mais recentes integrantes do Consad
Advogada e professora universitária, a Dra. Anelise Coelho Nunes é uma das mais recentes integrantes do Consad, tendo ingressado no Conselho em janeiro. Mas a ligação de Anelise com a Educação Metodista vem desde a infância: porto-alegrense, foi no Colégio Metodista Americano que ela iniciou seus estudos, desde o ensino fundamental até o final do ensino médio. Mais do que isso, foi no Americano onde descobriu sua identificação com o Direito.
Anelise nasceu na década de 70, na época da ditadura militar e, mesmo criança, não deixava de se surpreender com alguns fatos mal explicados. “Observava meus pais, Evanir e Vera Elisa, ambos com formação jurídica, comentarem a respeito da restrição dos direitos individuais e coletivos, da censura política, além de algo que, à época, era comum e muito me surpreendia: o ‘estranho desaparecimento’ de várias pessoas, como o do deputado Rubens Paiva, ou ‘suicídios duvidosos’, como o do jornalista Vladimir Herzog”, se recorda. “Em vista disso, o período de redemocratização do país, durante meus estudos no Colégio Americano, em Porto Alegre, foi marcante em minha vida, tanto pela reflexão crítica, a partir de leituras indicadas pelos professores, assim como pela influência dos meus pais. Por isso, sempre acreditei, à luz dos ensinamentos cristãos, que o ser humano é o titular do ‘direito a ter direitos’”.
Ainda no Americano, uma leitura em especial marcou de forma decisiva a trajetória de Anelise: “Tratava da doutrina da Suprema Corte Americana ‘separate but equal’, a qual justificava e permitia a segregação humana em razão da cor, não sendo considerada violação à emenda constitucional (14ª), que garantia igualdade a todos os cidadãos americanos. Ora, nem é possível falar em ‘segregação racial’, pois há uma imprecisão técnica na expressão, já que a raça humana é uma só. A jurisprudência, então, encontrava arcabouço para ratificar o que era costume (‘racismo’). Assim, sabia que, de alguma forma, iria trabalhar em prol da garantia e da eficácia dos direitos fundamentais e dignidade humana”. O Americano, onde ela afirma ter vivido um dos melhores períodos de sua trajetória estudantil, não ficou no passado de Anelise, que até hoje participa de um grupo de ex-alunos do Colégio. “Lá fiz amizades para a vida toda. Lembramos, com carinho, de momentos especiais de nossas vidas, como olimpíadas dos colégios metodistas, as gincanas, as viagens, assim como de professores/as e diretores/as que muito nos marcaram. Muitos ex-colegas hoje têm seus filhos estudando no Colégio Americano, assim como também já tive”, conta Anelise.
Paraninfa
Anos depois, Anelise voltou para as salas de aula da Educação Metodista. Dessa vez, não mais como aluna, mas como docente. No início, como professora convidada da pós-graduação de vários cursos e, logo após, como docente desde a primeira turma da graduação em Direito do Centro Universitário Metodista IPA, onde trabalhou até 2011. Além das aulas, Anelise participou de diversas outras atividades acadêmicas: integrou o colegiado do curso, o núcleo docente estruturante, coordenou atividades complementares e estágio supervisionado extracurricular, foi supervisora e advogada no Núcleo de Prática Jurídica e orientou diversos trabalhos de conclusão de curso, todos na linha de pesquisa de direitos humanos fundamentais. Atuou também em outros cursos do IPA, inclusive na UAM – Universidade do Adulto Maior. “Além disso, organizei e fui coordenadora, junto com uma colega da Psicologia e outra da Pedagogia, de um projeto de extensão em Direitos Fundamentais que contava com uma expressiva participação dos discentes dos mais diversos cursos, com oficinas, seminários, palestras, etc. E foi justamente como docente no IPA que tive a honra de ser paraninfa, pela primeira vez, em uma turma do Direito”, recorda.
Tanto como professora, quanto como advogada, a área de atuação de Anelise concentra-se em direitos fundamentais, em vista do Direito do Estado, Constitucional e Administrativo, Direito Civil e Teoria do Direito. “O estudo sobre os direitos humanos fundamentais me fascina, principalmente quanto à temática da igualdade e da liberdade”, conta a Doutora, que tem artigos e livros publicados sobre o assunto, além de ter pesquisado durante o mestrado e doutorado sobre a eficácia da Constituição e dos direitos fundamentais no Direito Público e Privado.
Confessionalidade
Anelise já lecionou em várias instituições de ensino superior e aponta diferenças pontuais na educação confessional: “Na instituição confessional, o desenvolvimento humanista é prioritário no trabalho educacional e integra o perfil do egresso. A proposta educacional visa à sedimentação da dignidade humana como valor máximo de uma sociedade democrática, independentemente da religião. Nas instituições metodistas, ‘a educação é um braço da evangelização’, além de ‘um ato de amor’, como afirmava John Wesley”.
Como integrante do Consad, Anelise já participou de diversas reuniões e eventos, como o Seminário de Fundraising do Fundo Global Metodista de Educação para Desenvolvimento de Liderança, escritório para América Latina. “Pretendo colaborar como integrante do Consad, nesse novo período, a partir da minha experiência como professora universitária em vista de um processo de transição pelo qual as Instituições Educacionais Metodistas estão passando”, afirmou sobre suas expectativas.